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31 maio 2014

CAVALEIROS TEMPLÁRIOS, UMA SAGA DE HEROÍSMO - TEMPLAR KNIGHTS, A SAGA OF HEROISM


CRUZADAS

As Cruzadas foram constituídas no ano de 1095 e, no decorrer delas, percebeu-se a necessidade da instituição de grupos particulares de cidadãos armados, milícias paramilitares Cristãs, para proteger as vias de acesso da população e dos guerreiros em suas campanhas no Oriente.

Os recursos financeiros para manter as milícias provinham dos próprios membros e das doações de peregrinos, monarcas ou mercadores agradecidos pela proteção recebida. Eles foram a base para a criação das Ordens Militares, como a dos Cavaleiros Templários, que instauraram as melhores tradições da cavalaria medieval.

No século XII, o cavaleiro francês Hughes de Payns sugeriu a Godefroy de Bouillon que guarnecessem a via de peregrinação Jafa-Jerusalém tendo por base de apoio o Templo de Jerusalém, o local do antigo Templo de Salomão.

Hughes de Payns viaja até Jerusalém e apresenta o projeto ao Rei Balduíno II, primo de Godefroy de Bouillon, que aceita e cede-lhes como abrigo uma mesquita encostada ao Templo. Foi por este motivo que os cavaleiros da Ordem dos Templários passaram a ser denominados como os Cavaleiros do Templo, ou Templários.

O número três era considerado sagrado pelos Templários e regia seus propósitos: Os cavaleiros possuíam três cavalos, alimentavam-se de carne três vezes na semana e, nos dias em que não a comiam, podiam optar por três refeições diferentes.

Adoravam a Cruz solenemente três vezes por ano, juravam não fugir na presença de três inimigos e se lutassem contra crentes da Fé Cristã só poderiam reagir depois de três vezes atacados. Deviam fazer votos de castidade, pobreza, obediência e assistir aos ofícios religiosos pela manhã e à noite.

Flagelavam-se três vezes aqueles que tinham merecido esta correção. Os cavaleiros em combate, quando abatidos, jamais poderiam pedir clemência. Não deveriam pagar o resgate pelos companheiros aprisionados em batalha. Em virtude disso, os Templários aprisionados, inclusive os Grão-Mestres, eram quase sempre executados pelo inimigo.

Os cavaleiros deviam estar sempre dispostos a dar a vida pelos seus irmãos e não deveria haver diferença de classes. Os templários abominavam as diferenças de classes sociais, seguindo fielmente a doutrina de Jesus Cristo.

CAVALEIRO-TEMPLARIO

Os Templários instituíram em suas vidas três grandes missões: A Primeira Grande Missão seria encontrar algo de muito valor que foi perdido, um símbolo da eterna procura da verdade, sabedoria, conhecimento e perfeição, o cálice usado por Jesus e denominado Santo Graal.

A Segunda Grande Missão era o objetivo social da Ordem e visava organizar uma nova sociedade na qual todos seriam iguais, trabalhando com segurança e vivendo em paz. A Terceira Grande Missão foi a construção de Igrejas em larga escala. Entre 1146 e 1272 foram construídas na França, e no resto da Europa medieval, uma infinidade de catedrais de grande porte.

Os Templários já eram especialistas na construção de fortalezas militares e máquinas de guerra. Assim, usaram esta experiência de construtores e dedicaram-se a construir catedrais. Por isso são considerados como os precursores das associações de pedreiros (maçons).

No século XIII, a população francesa, assim como o resto da Europa, passava fome e enfrentava múltiplas guerras regionais. Mas mesmo nesta situação de carência havia uma quantidade impressionante de pedreiros trabalhando no continente, que se organizaram em grupos libertários denominados "francomaçons".

Em 1303, no reinado de Felipe, o Belo, a situação financeira da França piorava cada vez mais e o povo estava cansado dos impostos abusivos. A situação foi agravada quando os funcionários encarregados das finanças promulgaram uma lei que criava uma nova moeda, reduzindo a existente à metade do seu valor.

O povo revoltado dirigiu-se à residência do Rei Felipe, que conseguiu fugir e pediu abrigo aos Templários. Estes esconderam o Rei covarde na câmara secreta onde era guardada a parte importante dos tesouros dos Templários, riqueza que acabaria por tornar-se o alvo futuro do ambicioso Rei. Felipe pôde voltar em segurança ao seu palácio após revogar a nova lei.

Poucos anos depois deste acontecimento, o Rei Felipe da França decide chamar à sua presença o Grão-Mestre da Ordem dos Templários, o nobre Jacques de Molay.

Em 1307, Jacques de Molay viaja acompanhado de 2.000 Cavaleiros Templários, transportando no lombo de mulas todo o tesouro que a Ordem dos Templários possuía no Oriente, estimado em 150.000 peças de ouro e grande quantidade de prata e jóias.

Jacques de Molay e seus dignitários foram recebidos com grande pompa pelo Rei Felipe, o Belo. Mas toda a cortesia e honrarias acobertavam um plano mais sinistro e elaborado, digno dos reis da época medieval.

KNIGHTS-TEMPLAR

Felipe, profundo conhecedor e temeroso do poder dos Templários, logo procurou algum tipo de aliança com Jacques de Molay. Nomeou-o padrinho de um de seus filhos e propôs-lhe o ingresso de outro na Ordem dos Templários. 
Evidentemente, pensou Molay, em razão de sua linhagem real este novo membro da Ordem deveria ser a curto prazo o novo Grão-Mestre dos Templários.

Desta forma, Jacques de Molay recusou gentilmente, mas com firmeza, as ofertas do Rei. Mesmo assim, o cobiçoso Rei Felipe conseguiu da parte de Jacques de Molay um enorme dote para sua filha Isabel, que estava prestes a casar.

Diante da recusa de Jacques de Molay, o Rei espalhou horríveis calúnias sobre os Templários, que estarreceram e confundiram a mentalidade simples do povo da época. Em 14 de setembro de 1307, o Rei decretou a prisão de todos os Templários dentro do reino francês e o embargo dos seus bens.

Cabe ressaltar que o processo penal instaurado pelo Rei da França atingia os Templários na qualidade de cidadãos pois, como Ordem, respondiam exclusivamente ao Papa Clemente V no Vaticano. Mas o objetivo principal do Rei era perseguir e desmantelar a Ordem dos Templários para apropriar-se dos seus tesouros. Assim, acabou por envolver a Inquisição no processo.

O inquisidor Guillaume de Paris decidiu julgar os Templários individualmente e ordenou que se obtivesse confissões mediante tortura e assassinato. O Rei desejou envolver os Templários de forma profunda no sistema inquisitório porque, quando o Papa Clemente decidisse iniciar algum julgamento contra a Ordem, tudo já estaria sancionado.

Os membros da Inquisição francesa também desejavam o controle absoluto da Igreja e encarregaram-se do processo contra os Templários. Dado o poder econômico, militar e institucional da Ordem dos Templários, esta era considerada um obstáculo para as futuras aspirações daqueles membros, razão pela qual decidiram eliminá-los imediatamente.

A passividade que os Templários demonstraram, deixando-se aprisionar pelas forças do Rei apesar de contarem com 2.000 cavaleiros de primeira linha infinitamente superiores aos soldados do Rei Felipe, é explicada pelo fato de que os Templários juraram lutar apenas contra os inimigos da Fé Cristã.

A regra de três proibia-lhes combater os Cristãos pois somente podiam reagir quando três vezes atacados e somente em caso de conflito. Outro fator era que a declaração de batalha, ou ordem de lutar, deveria vir do Grão-Mestre que, por estar preso e incomunicável, levou os Templários à disciplina rígida e pouco comum na época, pois seguiam os juramentos da Ordem.

SAGA-HEROISM

Acolhendo os conselhos do Rei da França, a Inquisição foi violenta com os Templários, que foram encarcerados, torturados e executados. Dezenas de Templários foram queimados vivos em Paris antes mesmo de serem interrogados. Os julgamentos em outros países não foram tão rigorosos.

Em 16 de outubro de 1311, reuniu-se em Viena um Concílio Geral para julgá-los, que resultou em nada. Em Aragão, Portugal, foram autorizados a ingressar em outras Ordens, caso o desejassem. Na Alemanha e na Itália foram simplesmente absolvidos. Na Inglaterra eles foram detidos e submetidos ao processo inquisitório mas sem a amplitude e a violência vistas na França.

Em 1312, vendo que os processos poderiam reverter em favor dos Templários, o Papa Clemente V emitiu a "Bula Vox Clamantis" extinguindo a Ordem e, no mesmo ano, a "Bula Ad Providas" que regulamentava a requisição de todos seus bens e tesouros.

Em 3 de março de 1314, o Grão-Mestre Jacques de Molay compareceu ao átrio da catedral de Notre Dame em Paris, para ouvir a sentença que condenaria à prisão perpétua os últimos Templários. Mas Jacques de Molay tomou a iniciativa, retratando-se publicamente das confissões obtidas sob tortura e declarando que a regra dos Templários era santa, justa e Católica, sendo seguido nessa atitude heroica por Geoffroy de Charnay.

Diante de tamanha demonstração de rebeldia, coragem e desafio ao Rei e à Inquisição, a reação das autoridades francesas foi imediata: condenou-os à fogueira e executou-os imediatamente.

Jacques de Molay aproximou-se do local da execução e despiu-se total e solenemente das suas vestes de Grão-Mestre, ficando nu para simbolizar que era o cidadão Jacques de Molay que seria queimado e não o Grão-Mestre da Ordem dos Templários.

Em suas últimas palavras, Molay profetizou e estabeleceu que o Papa Clemente V morreria no prazo de 45 dias e o tempo de vida do Rei Felipe seria de um ano até comparecer diante do Tribunal de Deus.

Em 20 de abril de 1314, em Roquemaure, Clemente V morreu vítima de uma infecção intestinal. Em 29 de novembro, em Fontainebleau, o Rei Felipe sofreu de paralisia provocada por uma queda do cavalo e acabou morrendo.

Nogaret, o assessor legal do Rei que dirigiu o processo contra os Templários, morreu misteriosamente no mesmo ano, e quatro delatores que participaram do processo desde o início foram apunhalados e enforcados.

Em 1337, iniciou-se a Guerra dos Cem Anos envolvendo a França. As derrotas militares deixaram o país arrasado e a fome alastrou-se pela nação. Em 1348 a Peste Negra dizimou grande parte da população francesa.

JACQUES-DE-MOLAY

Após a morte de Jacques de Molay, o Grão-Mestre Pierre D´Aumont e mais sete Cavaleiros Templários fugiram de barco e atracaram na Ilha de Mull, na costa ocidental da Escócia.

Neste país, favorecidos e protegidos por antigas relações com os Templários, criaram a Ordem dos Francomaçons, cuja simbologia apresentava o compasso e o esquadro, instrumentos preferenciais dos pedreiros.

A nova Ordem visava dois objetivos: um exterior, que difundiria o ideal religioso e social dos antigos Templários de forma acessível ao povo e outro, interior, que buscaria a vingança contra futuros reinados e papados, em retaliação à perseguição sofrida pelos Templários.

A vingança também alcançaria as Ordens dos Hospitaleiros e dos Cavaleiros de Malta, beneficiados com a distribuição dos bens dos Templários.

A nova Ordem dos foi moldada na busca da vingança e retaliação e, desta forma, abandonou os antigos e puros princípios básicos que regiam e norteavam os verdadeiros Cavaleiros Templários, ou seja: justiça, obediência, perdão, Fé em Deus e respeito ao próximo.

Assim, este simulacro de Ordens passadas foi instituído tendo por raiz o mal absoluto e como norma a destruição do próximo. Esta foi a origem dos "escoceses maçônicos dos mais altos graus", dos quais deriva a maçonaria que assola nossos dias atuais.



22 abril 2013

A INQUISIÇÃO - O MITO DA LENDA NEGRA - INQUISITION - THE BLACK LEGEND'S MYTH - 2ª PARTE


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Sisto IV era o Papa quando a Inquisição foi instalada em Sevilha, no ano de 1478. Ele foi contra, devido aos abusos perpetrados, porém foi forçado a concordar quando o Rei Fernando II de Aragão ameaçou negar apoio militar à Santa Sé. O Papa não desejava a Inquisição instalada na Espanha, porém Fernando insistiu.


Ele persuadiu a Rodrigo Bórgia, então bispo de Valência e que se tornaria mais tarde o Papa Alexandre VI, a exercer influência através de um grupo em Roma junto ao Papa Sisto IV. Assim, Bórgia teve êxito com a instalação da Inquisição em Castela. Mais tarde, Bórgia teve o apoio espanhol ao seu papado ao suceder Sisto IV.


Fernando obteve assim o que desejava, controlar sozinho a Inquisição espanhola. Fernando e Isabel começaram a investigar e punir os conversos, judeus e mouros pretensamente convertidos ao Catolicismo, mas que continuavam a praticar suas antigas religiões em segredo. Alguns judeus disfarçados tornaram-se padres e mesmo bispos.


Os detratores chamavam os judeus convertidos de marranos, uma expressão pejorativa que significa porcos. Entre os anos 1486 e 1492, 25 autos-de-fé ocorreram em Toledo. Um total de 464 autos-de-fé contra judeus foi instaurado entre 1481 e 1826.


A pena mais leve imposta aos marranos era o confisco dos seus bens. A mais comum era serem obrigados a desfilar pelas ruas vestidos apenas com um "sambenito", traje que definia sua condição de hereges, e flagelados à porta da Igreja. A etapa seguinte era a morte na fogueira após inomináveis torturas.


Os reis católicos, Isabel e Fernando, precisavam de fundos para o reino e a perseguição movida aos hereges por Torquemada era uma fonte de renda que interessava ao Estado. Isabel e Fernando auto intitulavam-se "protetores da Igreja e defensores da fé".


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A Inquisição, como uma corte religiosa, era operada por autoridades da Igreja. Porém se uma pessoa fosse considerada herege, a punição era entregue às autoridades seculares, pois a Igreja não derramava sangue. A tortura frequentemente era usada como modo de penitência.

A mais comum punição era a vergonha pública, obrigar o uso do sambenito: a roupa de penitente, ou usar máscaras de metal com formas de burro e mordaças. Ser queimado em praça pública destinava-se  aos crimes mais graves. A morte pelo garrote, ou estrangulamento, era usada para os arrependidos.

Essas punições eram feitas em cerimônias públicas, os autos-de-fé. Algumas pessoas acusavam outras por vingança ou para obter recompensas da Coroa. A própria Coroa Espanhola beneficiava-se ao desapropriar os bens dos conversos. O número de autos-de-fé durante o mandato de Torquemada como inquisidor é muito controverso, mas o número mais aceito é de 2.000 vítimas.

Torquemada, no afã de obter dos reis a expulsão definitiva de todos os judeus, promoveu em 1490 um "julgamento-espetáculo", onde as vítimas foram oito judeus acusados de praticar rituais satânicos de crucificação de crianças Cristãs.

Em 31 de março de 1492, pressionados pelo clima de crescente de intolerância, Fernando e Isabel publicaram seu Edito de Expulsão: "Decidimos ordenar a todos os ditos judeus, homens e mulheres, que deixem nossos reinos e jamais retornem a eles."

Foi concedido aos judeus que permanecessem na Espanha até julho, mas a partir daí os que fossem encontrados seriam mortos. Muitos fugiram para Portugal ou para o norte da África, onde enfrentaram mais perseguições. Outros, sem alternativa, permaneceram na Espanha como "judeus ocultos".

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A ação intolerante de Torquemada trouxe-lhe forte oposição. Reclamações chegaram ao Papa Alexandre VI, que nomeou quatro adjuntos com iguais poderes visando limitar sua ação.

Em 1484, o Papa redigiu uma instrução, um livreto, que propunha normas e procedimentos para os processos inquisitoriais, inspirando-se em medidas já usuais na Idade Média. Foi publicada uma atualização em 1490 e uma outra em 1498.

O mito da Inquisição, que os espanhóis chamam de "a lenda negra", não surgiu em 1480. Começou quase um século mais tarde e exatamente um ano depois que os países protestantes que integravam o Sacro Império Romano-Germânico, fossem derrotados na batalha de Mühlberg pelos Católicos liderados por Carlos V Rei da Espanha.

A Inquisição foi aplicada contra os primeiros focos do protestantismo, contra a disseminação das idéias de Erasmo de Roterdão, contra o Iluminismo e, no século XVIII, contra o enciclopedismo.

Em 1567, uma campanha de propaganda feroz começou com a publicação de um folheto protestante, escrito por uma suposta vítima da Inquisição chamada Montanus. Este protestante retratava os espanhóis como bárbaros que violavam mulheres e sodomizavam meninos jovens.

Os propagandistas logo criaram a alcunha "demônios de capuz", que torturavam suas vítimas em dispositivos horríveis, cheios de facas, o que nunca foi usado na Espanha.

Apesar das ações das outras inquisições europeias contra a bruxaria, as bruxas não eram o principal foco da Inquisição espanhola. As acusadas de bruxaria eram normalmente qualificadas como loucas.

Durante o governo de Napoleão Bonaparte a Inquisição foi suspensa na Espanha, porém foi reinstalada quando Fernando VII de Espanha subiu ao trono. O professor Cayetano Ripoli, garroteado em Valência em 1826, foi a última vítima da Inquisição espanhola, que em 1834 foi finalmente abolida.

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Os historiadores declararam como fraudulento um suposto documento sobre a Inquisição alegando o genocídio de milhões de hereges, e este mito foi desmascarado pelas provas existentes nos arquivos da Igreja. O que foi comprovado é que por volta de 4.000 pessoas morreram durante a Inquisição nos 350 anos de sua história.

As 3.000 a 5.000 execuções documentadas da Inquisição são pálidas se comparadas com as de 200.000 bruxas queimadas em outros lugares na Europa ao longo dos mesmos séculos, ou as 150 milhões de vítimas do comunismo séculos mais tarde.

A Inquisição espanhola, tida como a mais cruel e violenta, teve sua imagem distorcida por protestantes que queriam minar o poder da maior potência mundial na época, a Espanha.

Cada processo inquisitorial ocorrido foi registrado individualmente pela Igreja durante os 350 anos em que essa Inquisição esteve ativa, mas somente agora esses registros estão sendo reunidos e analisados adequadamente.

Apesar da reputação sangrenta da Inquisição espanhola, que existiu formalmente durante este período infeliz, talvez até 2000 pessoas tenham sido queimadas como hereges. Embora esse número seja apenas uma pequena fração do que a "lenda negra" (black legend) rotineiramente alega, no entanto é preocupante o suficiente.

Quase todos os executados eram conversos ou novos-Cristãos. Conversos significava "professos do judaísmo", ou aqueles que foram condenados por praticar secretamente sua religião anterior.

Deve-se ter em mente que a Inquisição, como um Tribunal da Igreja, não tinha nenhuma jurisdição sobre mouros e judeus como tal. Mas, ironicamente, uma vez que tais pessoas aceitassem o Batismo, tornavam-se sujeitas à heresia, no sentido técnico da palavra.

Assim, a selvageria do início da Inquisição espanhola contribuiu para mais um capítulo na triste história do anti-semitismo, motivada nesta ocasião mais por oportunismo político-religioso do que por ódio racial. De qualquer forma, foi um enorme e imperdoável erro de cálculo, um crime contra a humanidade e um pecado contra Deus.

A INQUISIÇÃO - O MITO DA LENDA NEGRA - INQUISITION - THE BLACK LEGEND'S MYTH - 1ª PARTE



Fernando II-Aragão-Isabel I-Castela

No século XV a Espanha não era um estado unificado mas sim uma confederação de monarquias, cada qual com seu administrador, como os Reinos de Aragão e Castela, governados pelos Reis Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, respectivamente.


No Reino de Aragão, uma confederação composta por Aragão, Ilhas Baleares, Catalunha e Valência, havia uma Inquisição local desde a Idade Média, tal como em outros países da Europa.


Ainda não havia Inquisição no Reino de Castela e Leão. A maior parte da península Ibérica estava sob o governo dos mouros, e as regiões do sul, particularmente Granada, estavam bem povoadas por muçulmanos.


Até 1492, Granada ainda estava sob o controle mouro. As cidades mais importantes, como Sevilha, Valladolid e Barcelona, capital do Reino de Aragão, também tinham grandes populações de judeus em guetos.


Com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela, sua prima em segundo-grau, os dois reinos uniram-se e a Espanha moderna começou a formar-se.


A Inquisição na Espanha atuou sob o controle dos reis da Espanha de 1478 até 1834. Esta Inquisição foi o resultado da reconquista da Espanha das mãos dos muçulmanos, e da política de conversão de judeus e muçulmanos espanhóis ao Catolicismo.


A Inquisição foi um importante instrumento na política chamada "limpeza de sangue", contra os descendentes de judeus e de muçulmanos convertidos. Decisões políticas tiveram que tratar dos mouros e da relativamente pequena mas influente comunidade judaica que havia florescido dentro de uma sociedade islâmica maior.


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Em 1478, ano em que foi criada a Inquisição, os Cristãos da península Ibérica estavam envolvidos em uma cruzada que perdurava há sete anos. A luta não era intermitente, mas desde o século VIII quando os árabes muçulmanos do norte da África invadiram-na através do Estreito de Gibraltar e com fogo e a espada subjugaram a península ao norte do rio Ebro, a resistência nativa à sua ocupação tinha sido constante.

Durante anos, com intervalos frequentes de inatividade, a resistência tinha gradualmente evoluído em contra-ataque, em uma crescente determinação para ganhar de volta o que havia sido perdido para os invasores muçulmanos.

Pouco a pouco este processo incessante de conquista e reconquista levou os descendentes desses invasores, os mouros, cada vez mais distantes para o sul até que, em 1478, restou para eles apenas um pequeno enclave em torno da cidade de Granada.

A reconquista prosseguiu até Granada, e o último vestígio do islã espanhol caiu sob os exércitos de Fernando e Isabel em 1492. A população conquistada, ligada por laços de raça e religião, muçulmanos que vieram dos principados do norte da África, distante 16 quilômetros do Estreito de Gibraltar, fazia parte de um vasto sistema imperial estabelecido pelos turcos muçulmanos, e era considerado um sistema poderoso e ameaçador para a Europa Ocidental.

Os Cristãos vencedores, temerosos com os simpatizantes muçulmanos em seu meio, ofereceram uma proposta na qual os mouros e judeus teriam de escolher entre o Batismo ou a expulsão do país, agora inteiramente Católico.

Mas, com receio de que as leis comandando o exílio ou a conversão dos judeus fossem frustradas por conversos, ou seja, "católicos de sinagogas", Fernando e Isabel encomendaram um inquérito, e a partir daí a Inquisição.

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Os reis começaram a Inquisição na esperança de que a unidade religiosa promovesse a unidade política, e outros chefes de estado anunciavam os trabalhos para o advento de uma Cristandade unificada na Espanha.

A Inquisição teve um caráter secular, embora o crime fosse a heresia. Inquisidores não precisavam ser clérigos, mas teriam de ser legisladores. Os inquéritos eram baseados em regras e cuidadosamente mantidos em arquivos. A organização da Inquisição espanhola diferia marcadamente do seu antecessor romano.

Com a sua ênfase na centralização e controle real, refletiu o surgimento do Estado-nação e a responsabilidade de que a monarquia deveria garantir a ortodoxia religiosa. Assim, o "Grande Inquisidor", Torquemada, foi nomeado pelo rei e era responsável perante ele, apenas com a aprovação nominal do Papa.

O inquisidor, por sua vez, nomeava cinco membros do conselho superior sobre o qual presidia. Este corpo, com seu enxame de consultores e empregados, exercia o poder supremo na competência da Inquisição.

Torquemada decidia tudo, e ouvia todos os apelos dos tribunais inquisitoriais inferiores que, em meados do século XVI eram dezenove, espalhados por toda a Espanha e outros territórios ocupados na Itália e na América. Sem a permissão do "Alto Conselho", nenhum sacerdote ou nobre poderia ser preso.

O "auto-de-fé" era a cerimônia religiosa que incluía a punição dos hereges condenados ou a reconciliação das pessoas que se retratavam, e não poderia ser realizada em qualquer lugar sem a sanção do "Conselho Superior". O controle também foi aprimorado com a exigência de que os tribunais inferiores apresentassem os relatórios gerais anualmente e os financeiros a cada mês.

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Quanto ao procedimento, a Inquisição espanhola praticamente seguiu o precedente estabelecido no século XIII e copiou os modelos fornecidos pelos tribunais seculares. A maquinaria jurídica era colocada em movimento por denúncia juramentada de um indivíduo ou, ocasionalmente, de uma determinada aldeia ou região.

Em última instância, antes do inquérito formal, era emitido um "período de graça" de trinta a quarenta dias, durante os quais os suspeitos poderiam retratar-se ou preparar sua defesa.

Uma vez que o acusado ou réu usasse os serviços de um defensor, ele não poderia ser julgado pelos oficiais do "Tribunal de Justiça" sem a presença de dois sacerdotes. A identidade das testemunhas do seu alegado crime, no entanto, não seria revelada ao réu, por isso ele não poderia confrontá-los.

Isso era uma grave desvantagem, porque os falsos acusadores eram muitos. Juízes, e não jurados, decidiam questões de fato e também segundo o direito em vigor.

A Inquisição espanhola combinava as funções de investigação, acusação e julgamento. Na verdade, alguém preso pela Inquisição era considerado culpado até ser provado inocente.

A tortura, comum em jurisdições seculares, havia sido proibida na Inquisição romana antiga, mas estava outra vez sendo posta em uso, com as reservas de ser aplicada apenas uma vez e de que não atentasse contra a vida ou integridade do réu.

Na Espanha estas regras foram adotadas, mas desde o início, o Papa Sisto IV, inundado com o clamor popular, protestou junto ao Governo espanhol que a Inquisição estava empregando a tortura livremente. Infelizmente os avisos do Papa caíram nos ouvidos moucos dos inquisidores.


A INQUISIÇÃO - O MITO DA LENDA NEGRA (BLACK LEGEND) - 2ª PARTE


03 fevereiro 2013

ASTEROIDE DA14 - APOCALYPSE 2020

Asteroide-DA14

Sete asteroides se aproximarão do planeta Terra em fevereiro, e um deles é extremamente perigoso. O asteroide DA14, com 50 metros de diâmetro, se aproximará do nosso planeta no dia 15 de fevereiro, em poucos dias.

Caso atinja a Terra, seu peso estimado de 130.000 toneladas liberará energia equivalente à explosão de uma carga 2.400.000 toneladas de trinitrotolueno. Uma potência equivalente a 100 bombas atômicas iguais às lançadas em Hiroshima!

A passagem do asteroide DA14 torna-se uma incógnita, pois seu curso dependerá de diversas variantes específicas: como seu formato irregular e composição, ou a possibilidade que poderá atingir um satélite, ocasionando o desvio da sua órbita prevista.

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Ele foi descoberto em 2012 por astrônomos do Observatório de La Sagra, Espanha, e desde a sua detecção tem sido monitorado a partir dos vários observatórios do planeta.

Sobre a chance do impacto em algum satélite, embora seja algo que não possa ser excluído, é improvável que isso aconteça. Ao passar perto da área dos satélites estará se movendo muito rapidamente, e o seu movimento é no sentido do sul para o norte.

Como a órbita geoestacionária dos satélites situa-se em um plano vertical à linha do Equador, a elevação ou movimento vertical do asteroide irá mantê-lo pouco tempo perto desses satélites.

A NASA irá monitorar os satélites e fornecer detalhes atualizados sobre sua localização e a proximidade que o DA14 estará transitando - o monitoramento e a atualização da sua trajetória serão intensivos.

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Se a passagem do asteróide 2012 DA14 não causar danos, devemos atentar para suas futuras aproximações, porque quanto maior o número de observações feitas pelos astrônomos maior será a precisão do cálculo orbital.

Segundo a Nasa, entre 2020 e 2060 estão previstas distâncias de aproximação ainda menores, pois o asteroide DA14 dará uma série de rasantes bem próximos da Terra. Em 15 de fevereiro de 2020 se aproximará muito do nosso planeta!

Se cair em terra firme estima-se que 10.000 quilômetros quadrados serão vaporizados instantaneamente, e se a queda ocorrer no oceano poderemos esperar a ocorrência de tsunamis descomunais a partir área atingida.



29 novembro 2012

TYCHE SERÁ VISÍVEL EM 2020 - TYCHE WILL BE VISIBLE IN 2020

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A notícia de um novo planeta descoberto no nosso Sistema Solar é sempre muito aguardada, ainda mais por causa das teorias apocalípticas que predizem sobre a chegada de Nibiru, sendo associada com catástrofes e a vinda de civilizações extraterrestres.

Desta forma, os cientistas da NASA e de observatórios astronômicos famosos tem ocultado as descobertas de alguns anos atrás, porque temiam ser associados a estas teorias.

Mas, queiram ou não, as descobertas foram divulgadas. Uma equipe de astrônomos espanhóis, Equipe StarViewer, confirmou a descoberta recente de um objeto que é mais de duas vezes o tamanho de Júpiter e se encontra próximo a Plutão.

Este enorme objeto parece ter planetas ou satélites grandes que o rodeiam. Os astrônomos o classificaram como uma estrela anã marrom, e seu nome oficial é G1-9.S

Em outra notícia, o Ministério Russo de Relações Exteriores confirmou que um corpo celeste denominado Tyche vai aparecer no céu da Terra no final de 2020. Tyche foi o nome cunhado para este corpo celeste pelos dois astrofísicos Daniel Whitmire e John Matese, da Universidade da Louisiana em Lafayette.

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Tyche deve ter quase quatro vezes a massa de Júpiter, com uma órbita mais longe do Sol do que a Terra e será composto principalmente de hidrogênio e hélio, com a atmosfera como Júpiter.

O professor Whitmire acrescentou que o planeta terá suas próprias luas, como outros planetas, e sua superfície será coberta de manchas coloridas, faixas e nuvens.

O Planeta Terra sofreu catástrofes naturais em uma escala global, tanto antes como durante a História registrada da humanidade. As causas destas catástrofes naturais eram encontros íntimos entre a Terra e outros corpos do sistema solar, e há evidências dessas catástrofes no registro geológico e arqueológico.

As catástrofes que ocorreram dentro da memória da humanidade foram registradas nos mitos, lendas e História escrita de todas as culturas e civilizações antigas.

As informações desagradáveis sobre a vinda de Tyche é que haverá um aumento expressivo de enormes terremotos e o incremento das grandes erupções solares, após o misterioso objeto mover-se para próximo à Terra.

O cientista Alexander Stepanov do Observatório Pulkovo de São Petersburgo afirmou que um objeto massivo do tamanho Júpiter à espreita na borda externa do nosso sistema solar, parece ter "acelerado" o seu movimento em direção ao planeta Terra.




23 agosto 2012

OS TEMPLÁRIOS - THE TEMPLARS

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As Cruzadas foram constituídas no fim do século XI, no ano de 1095, quando o Papa Urbano II dirigiu-se ao sul da França onde estava reunido o Concílio de Clermont. Neste momento da história fez um apelo aos Cristãos presentes, para jurarem colocar suas armas e vidas a serviço da Igreja na luta contra os infiéis, com o grito de "Deus o quer".

Entre os anos 1096 e 1270 houve várias Cruzadas oficiais, e no decorrer delas o mundo ocidental percebeu que era necessário criar grupos paramilitares para exercer funções de apoio, tais como policiamento e a preservação da fé Cristã. 

Estes grupos foram a base das Ordens militares, que com forte espírito religioso criaram seus próprios Estatutos. Os recursos financeiros provinham dos próprios membros ou de doações de peregrinos, monarcas ou mercadores agradecidos pela proteção recebida.

Outras fontes eram os lucros conquistados no campo de batalha, assim como as doações de crentes que esperavam receber a graça Divina. Com o tempo estas Ordens converteram-se em poderosos grupos, tanto econômicos como militares e políticos.

As Ordens assim formadas foram muitas, sendo a primeira a Ordem dos Hospitaleiros, fundada em 1113, e organizada conforme a regra de Santo Agostinho. Posteriormente surgiram a Ordem dos Cavaleiros de Alcântara, de São João de Jerusalém, de Calatrava, de Avis e a Ordem dos Templários, entre outras.

As atuações foram diferentes se comparadas entre si, mas todas sempre se situaram dentro do contexto militar-religioso e contribuíram para criar as melhores tradições da cavalaria medieval.

A primeira Cruzada do Papa Urbano II tinha criado os Estados Latinos do Oriente. Hughes de Payns, um cavaleiro francês nascido aproximadamente em 1080, participante da primeira Cruzada onde conheceu Godefroy de Bouillon, desenvolve a ideia humanitária de cuidar da via de peregrinação de Jafa a Jerusalém, o que lhe permitiria ficar no Templo, localizado no mesmo lugar onde foi construído séculos atrás o Templo de Salomão.

Hughes de Payns viaja até Jerusalém e apresenta-se ao Rei Balduíno II, primo de Godefroy de Bouillon, que aceita seu projeto e cede-lhes uma construção usada como mesquita, encostada ao Templo. Por este motivo passam a ser conhecidos como os Cavaleiros do Templo ou Templários.

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"A Primeira Grande Missão" dos Templários seria encontrar algo de muito valor que foi perdido, como símbolo da eterna procura da Verdade, da Sabedoria, do Conhecimento e da Perfeição do Homem: O Santo Graal.

Em 1128 é celebrado o Concílio de Troyes, exclusivamente para conhecer e aprovar a Ordem dos Templários, seguindo a Regra preparada por São Bernardo. Estas Regras eram um conjunto de deveres militares e religiosos, muito rigorosos e eram regidos pelo número três, considerado cabalístico pelos Templários:

- Aos cavaleiros impõe-se o hábito branco, cabelos rasos e conservar a barba, e aos oficiais inferiores e escudeiros a usar manto preto, sendo obrigatória a simplicidade no vestir.

- Deviam ser pronunciados os votos de castidade, pobreza e obediência, e as assistências aos ofícios religiosos de dia e de noite eram obrigatórias.

- O cavaleiro tinha três cavalos, comiam carne três vezes na semana e nos dias em que não a comiam podiam optar por três pratos diferentes.

- Adoravam a Cruz solenemente três vezes por ano, juravam não fugir na presença de três inimigos, e se lutassem para defender a vida contra outros não hereges só deveriam reagir depois de três vezes atacados.

- Flagelavam-se por três vezes aqueles que tinham merecido esta correção, e os cavaleiros em combate jamais podiam pedir clemência.

Também não poderiam pagar resgate quando feitos prisioneiros, e em virtude disso os Templários caídos prisioneiros, inclusive Grão-Mestres, foram quase sempre executados. Os cavaleiros deviam estar sempre dispostos a dar a vida pelos seus irmãos, que eram iguais entre si e não devia haver nenhuma diferença entre as pessoas.

A Ordem eliminava absolutamente as diferenças de classes sociais, seguindo fielmente a doutrina do Nazareno. Quando aprovadas estas Regras pelo Concílio de Troyes, estava oficialmente reconhecida e formada a Ordem dos Templários. 

O poder central dos Templários também desenvolveu outras atividades tendentes a agilizar o progresso econômico e social como:


Vias de comunicação e proteção aos viajantes e ao transporte de produtos, que sofriam permanentemente a ação dos salteadores. 

- Supressão de cobrança de pedágio imposto pelos senhores feudais, liberando desse pedágio a quem utilizasse as pontes e estradas templárias.

- Desenvolvimento de culturas como de trigo e cevada, para diminuir a fome que dizimava as populações mais carentes.

- Convite a artesãos, construtores e outros, para se instalarem em terras templárias onde poderiam trabalhar livremente sem sofrer taxas.

- Liberação dos servos do sistema feudal aos que viviam nas comendadorias templárias.


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"A Segunda Grande Missão", o objetivo social da Ordem, visava organizar uma nova sociedade na qual todos seriam iguais, trabalhando com segurança e vivendo em paz e prosperidade. Esta filosofia comunal, colocava em grande perigo os dois poderes que governavam sem oposição e dentro do maior absolutismo, a Monarquia e o Papado.

O Rei havia analisado as ações dos Templários e decidido pela destruição da Ordem. Na França a Ordem era proprietária de umas 2.000 comendadorias e cada uma delas possuía em média 1.000 hectares de terra cultivável. Estas medidas tiveram como resultado liberar o comércio da tutela do governo estabelecido, passando ao controle indireto da Ordem.

Os Templários, especialistas na construção de fortalezas militares, aproveitando a experiência dos bizantinos, que unida às máquinas de guerra que lhes permitiam movimentar grandes pedras, dedicaram-se a construir catedrais. Por isso, os Templários são considerados como os precursores das associações de pedreiros e a origem da Maçonaria.

A expressão francomaçom é de origem francesa e apareceu entre os anos 1376 e 1396. Nessa época chegaram na Escócia os Templários fugidos da perseguição francesa, e assim ocultaram suas identidades atuando como pedreiros.

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"A Terceira Grande Missão" dos Templários foi a Construção do Templo. Entre 1146 e 1272 são construídas na França uma infinidade de catedrais de grande porte, o que evidencia a existência de várias comunidades de construtores em ação.

A França tinha, no início do século XIII, 10 milhões de habitantes, uma população esfomeada, empobrecida, participando das Cruzadas e de guerras regionais, mas mesmo assim havia uma quantidade impressionante de profissionais construtores. 

Em 1303, no reinado de Felipe, o Belo, a situação financeira da França piorava cada vez mais e o povo estava cansado dos impostos abusivos. A situação foi agravada quando os funcionários encarregados das finanças do reino promulgaram uma lei pela qual era criada uma nova moeda, reduzindo a moeda existente à metade do seu valor.

O povo revoltou-se e dirigiu-se à residência do Rei Felipe, que teve de escapar, sendo escondido pelos Templários na câmara secreta do Templo em Paris, onde era guardada parte importante das riquezas da Ordem, que seriam o alvo futuro do ambicioso Rei. Felipe pôde voltar em segurança ao seu Palácio após revogar a nova lei implementada, o que acalmou a população.

O Rei decide chamar à sua presença o Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Jacques de Molay. Ele nasceu em Beçanson, França, entre 1240 e 1243, de família nobre, tendo ingressado na Ordem em 1265. Foi enviado à Palestina onde esteve sob as ordens do Grão-Mestre Guilherme de Beuajen, até sua morte, em 1298, quando Jacques de Molay foi eleito Grão-Mestre por unanimidade.

O aparente motivo da requisição do Rei para a presença de Jacques de Molay, era ouvir a sua opinião sobre uma nova Cruzada e sobre a possibilidade de fundir as duas grandes Ordens, a dos Templários e dos Hospitaleiros de São João. 

Então, no início de 1307, Jacques de Molay viaja acompanhado de 200 cavaleiros, transportando todo o tesouro que a Ordem possuía no Oriente, estimado em 150.000 peças de ouro e grande quantidade de prata, levadas ao lombo de mulas. Jacques de Molay e seus dignitários foram recebidos com grande pompa pelo Rei Felipe, o Belo.

O Rei, conhecendo o poder de sua futura vítima, procurou algum tipo de aliança com Jacques de Molay. Nomeou-o padrinho de um de seus filhos e propôs-lhe o ingresso de outro na Ordem dos Templários.

Evidentemente este novo membro da Ordem, em razão de sua linhagem real, deveria ser a curto prazo o novo Grão-Mestre. Jacques de Molay recusou gentilmente, mas com firmeza, as ofertas. Mesmo assim, o Rei, sempre com cobiça, conseguiu da parte de Jacques de Molay um enorme dote para sua filha Isabel, que estava pronta para casar-se.

Jacques de Molay recusou a fusão com os Hospitaleiros, porque percebeu que a nova Ordem ficaria sob o comando do filho do Rei. A fusão também não era interessante porque poderia afastar os Templários da tríplice missão.

Diante da recusa de Jacques de Molay, o Rei fez espalhar horríveis calúnias sobre os Templários, que estarreceram a mentalidade simples do povo. Em 14 de setembro de 1307, o Rei decreta a prisão de todos os Templários dentro de seu reino e o embargo de todos os seus bens. 

O processo desenvolvido pelo Rei da França atingiu todos os Templários, como pessoas, pois como Ordem, dependiam exclusivamente do Papa Clemente V, que ainda não decidira dar início oficial a tanta ignomínia. Mas o objetivo principal do Rei era a Ordem, para poder apropriar-se de todos os seus bens, ao menos na França.

Desta forma, decidiu envolver a Santa Inquisição no processo através de Guilherme de Paris, Inquisidor da Fé desde 1303, e decidiu julgar os Templários individualmente e que se obtivesse confissões mediante tortura, se necessário.

O Rei desejava envolver a Ordem de tal maneira que, quando o Papa decidisse iniciar o julgamento contra a mesma, já estivesse tudo preparado. A Inquisição também desejava o controle absoluto da Igreja, e a Ordem dos Templários, com seu poder econômico e militar, era um sério tropeço que seria bom eliminar. 

A passividade com que os Templários se deixaram prender pelas forças do Rei, apesar de terem na França 3.000 cavaleiros de primeira linha e serem infinitamente superiores aos militares do Rei, é explicada pelo fato de que os Templários juravam lutar contra os inimigos da Fé, que tradicionalmente eram de outra raça.

A regra proibia-lhes combater contra Cristãos, somente podiam reagir quando três vezes atacados, e em caso de conflito. A declaração ou ordem de lutar somente podia vir do Grão-Mestre, e estando ele preso, os Templários, com uma disciplina pouco comum, se limitaram a obedecer as regras juradas.

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Acolhendo os conselhos do Rei, a Inquisição foi violenta com os Templários, encarcerando-os, torturando-os e queimando-os. Dezenas de Templários foram queimados vivos em Paris, antes mesmo de serem interrogados.

Julgamentos em outros países não foram tão rigorosos. Por exemplo. Em 16 de outubro de 1311, reuniu-se em Viena um Concílio Geral para julgá-los e que deu em nada. Em Aragão e Portugal, eles foram autorizados a ingressar em outras Ordens se o desejassem.

Na Alemanha e na Itália, eles foram simplesmente absolvidos e na Inglaterra eles foram detidos e submetidos a processo pelos Inquisidores, mas sem a amplitude e violência da França. Em 21 de outubro de 1310 o Concílio de Salamanca absolveu os Templários de toda a culpa.

Vendo que o clima podia mudar a favor deles, em 1312, o Papa Clemente V emitiu a Bula Vox Clamantis extinguindo a Ordem, e no dia 2 de maio do mesmo ano a Bula Ad Providas, que regulamentava a requisição de seus bens.

Em 3 de março de 1314, o Grão-Mestre Jacques de Molay comparece ao átrio de Notre Dame, em Paris, para ouvir a sentença que os condenará a prisão perpétua.

Mas Jacques de Molay toma a palavra, retratando-se publicamente das confissões obtidas sob tortura e declarando a Regra do Templo como santa, justa e Católica, sendo seguido nessa atitude por Geoffroy de Charnay.

Diante de tamanha mostra de rebeldia e coragem contra o Rei e a Inquisição, a reação das autoridades francesas foi imediata: "Condena-os a fogueira e que sejam executados imediatamente!"

Jacques de Molay, perante a fogueira, despiu-se totalmente de suas vestes de Grão-Mestre, ficando nu para simbolizar que era o ser humano Jacques de Molay que estava sendo queimado e não o Grão-Mestre da Ordem dos Templários, e nas suas últimas palavras estabeleceu um prazo de 45 dias ao Papa e de um ano ao Rei para comparecer ante o Tribunal de Deus.

Em 20 de abril de 1314, em Roquemaure, o Papa Clemente V morria vítima de uma infecção intestinal, e no mesmo ano em 29 de novembro, em Fontainebleau, o Rei morria de paralisia provocada por uma queda do cavalo.

Nogaret, assessor legal do Rei e que dirigiu o processo contra a Ordem, morreu misteriosamente em 1314, e quatro delatores que participaram do processo desde o início, também morreram apunhalados ou enforcados. 

Inicia-se a Guerra dos Cem Anos, da França contra a Inglaterra. Na França muitas derrotas militares deixam o país arrasado e a fome toma conta do povo francês. Para piorar, entre 1348 e 1350 a Peste Negra dizima uma parte importante da população.

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Após a morte de Jacques de Molay, o cavaleiro D’Aumont e mais sete Templários fugiram, disfarçados de pedreiros, até a Escócia. Nesse país, favorecidos pelas antigas relações da Ordem, organizaram uma Ordem com dois objetivos:

Um exterior, para difundir o ideal religioso e social dos Templários, de forma que fosse acessível ao povo, e outro interior, para vingar a Ordem da perseguição do Rei e do Papa. A vingança incluía os Hospitaleiros e os Cavaleiros de Malta, beneficiados com a distribuição dos bens dos Templários.

Esta Ordem seria a origem dos Escoceses Maçônicos dos "altos graus".