16 agosto 2013

AS MULHERES, A FORÇA DO CRISTIANISMO - WOMEN, THE STRENGTH OF CHRISTIANITY - 1ª PARTE

MULHERES-FORÇA-DO-CRISTIANISMO

Um dos maiores segredos na história do Cristianismo foi a extrema importância das mulheres na sua evolução. Segundo as Escrituras, Jesus teve uma atitude positiva em relação ao ministério das mulheres e advogava pela emancipação do confinamento imposto a elas pela cultura judaica. Mas anos após a morte dos últimos apóstolos, a Igreja Cristã rendeu-se à influência da cultura greco-romana abandonando o igualitarismo que havia sido estabelecido por Jesus. Assim, criou-se o cenário para a subjugação das mulheres que perdura até nossos dias.

Porém, novas descobertas arqueológicas e antigos textos apócrifos revelaram o papel predominante das primeiras Cristãs na história da Igreja e do Cristianismo. Em 1945, a descoberta de novos textos em Nag Hammadi, no Egito, provaram que o conceito de que Maria Madalena seria uma mulher adúltera e arrependida era totalmente falso. Na verdade, ela foi uma pessoa influente, um discípulo proeminente de Jesus e líder da Igreja primitiva Cristã.

Nos escritos de Lucas, Marcos e Paulo foram citadas as seguintes seguidoras de Jesus: Maria Madalena, Maria de Betânia, Joanna, Salomé, Perpétua, Thecla, Marta, Priscilla, Junia, Julia, Joana, Susana, Ammia, Philumene, Maximilla, Quintila, Áfia, Lídia de Tiatira, Ninfa de Laodicéia, Persis, Evódia, Síntique, as filhas de Felipe e as mulheres de Corinto. Vários nomes se perderam ou seriam futuramente obliterados da história Cristã. Jesus era um visitante frequente na casa de Maria Madalena, onde ensinava tanto para as mulheres como para os homens.

Quando Jesus foi detido, foram Suas fiéis seguidoras que mantiveram-se firmes junto a Ele, pois Seus discípulos homens fugiram. Foram as mulheres que acompanharam e assistiram Jesus até o Calvário, prantearam aos pés da Cruz e velaram Seu Corpo. Também foram as primeiras testemunhas da Ressurreição. Tudo isto reflete o importante papel histórico das mulheres como discípulos no ministério de Jesus. Após Sua morte, as mulheres continuaram a desempenhar um papel de destaque no Cristianismo. Os evangelistas do primeiro século testemunharam que várias mulheres estavam entre os primeiros seguidores de Jesus Cristo.

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Desde o início até o fim, as mulheres estiveram significativamente envolvidas em todos os aspectos da Sua vida. O anúncio do evento da Páscoa foi confiado às seguidoras de Jesus, que então "correram" para dar as boas novas aos homens. O testemunho deste fato pelas mulheres continua a ser uma parte integral do Novo Testamento para este dia de Glória. O evangelista Lucas também contou com o testemunho das seguidoras de Jesus para concluir seus escritos em Atos e em Lucas.

Através dos escritos de Mateus, Marcos e Lucas, aprendemos que um grupo significativo de mulheres tinha seguido Jesus em seu ministério na Galileia e também estiveram presentes durante Seus últimos dias na Terra. Todos os três evangelistas descreveram a presença de mulheres no enterro de Jesus. Marcos detalha o cuidado com que Maria Madalena e Maria vigiaram o sepulcro. O evangelista João também relata sobre a composição do grupo imediatamente aos pés da Santa Cruz, três mulheres e um homem.

As cartas de Paulo, do primeiro século, tornam conhecidas informações fascinantes e sólidas sobre as mulheres que se destacaram no movimento Cristão. Demonstram o papel importante que Maria Madalena desempenhava entre aqueles a quem Jesus ensinava: "Maria estava entre as sete mulheres e doze homens que se reuniram para ouvir Jesus depois da Ressurreição, quando Ele lhes disse; Eu vos dei autoridade sobre todas as coisas como filhos da Luz. Assim, estes discípulos saíram alegremente e ansiosos para pregar a Palavra de Deus", conclui Paulo.

Ele relata como Priscilla, Junia, Julia, a irmã de Nereu, trabalharam e viajaram com seus maridos e irmãos difundindo as palavras de Jesus. Ele nos diz que Priscilla e seu marido arriscaram suas vidas para salvá-lo. Ele elogia Junia como um apóstolo de destaque e relata como ela tinha sido presa durante seu trabalho de evangelização. Maria Madalena e Persis são elogiadas por seu trabalho exaustivo e persistente. Evódia e Síntique são chamadas por Paulo de "meus companheiros de trabalho". Esta é uma prova clara de que mulheres apóstolos trabalharam na pregação da Palavra de Deus.

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Em outro texto, lemos que Maria Madalena se destacava porque fazia mais perguntas a Jesus do que todo o resto dos discípulos. Jesus reconhece o fato e comenta: "Maria, seu coração está mais direcionado para o Reino dos Céus do que o dos seus irmãos". O próprio Senhor comenta que ela é abençoada por nunca perder a Fé. Quando todos os outros discípulos estão chorando, assustados pela ausência de Jesus, só ela permanece sóbria e firme em sua Fé pois compreendeu e se apropriou do significado da palavra Salvação ensinada por Jesus.

Maria encarnava o discípulo ideal! Ela assimilou o ensinamento de Jesus sobre a Salvação desde a Sua partida da Terra, e assim, pode confortar e instruir os outros discípulos. Pedro pediu que ela comentasse sobre as frases de Jesus que ele e os outros discípulos não conheciam. Maria Madalena concorda, e passa a dissertar sobre alguns ensinamentos de Jesus. O pedido de Pedro confirma que Maria era proeminente na estima de Jesus, e a própria colocação sugere que Jesus deu-lhe ensinamentos particulares.

Nos primeiros séculos, várias mulheres da elite romana tornaram-se Cristãs, enquanto seus maridos permaneceram pagãos para não perderem o status social vigente. Isso contribuiu para um aumento expressivo de mulheres Cristãs nas Igrejas primitivas. As cartas de Paulo também oferecem alguns vislumbres importantes sobre o funcionamento interno das antigas Igrejas Cristãs. Os primeiros Cristãos não se reuniam em prédios próprios da Igreja, mas sim nas residências de outros Cristãos. Isto era devido ao fato de que o Cristianismo era ilegal no mundo romano e à enorme despesa para manter tais congregações.

Muitas vezes reuniam-se nas casas de Cristãs da elite romana, assim conseguindo mais espaço e recursos. Desta forma, as donas de casa começaram a desempenhar seus papéis-chave na difusão dos ensinamentos de Jesus. Não é, pois, de se estranhar que as mulheres assumissem a liderança como ministras destas Igrejas domésticas. O evangelista Paulo cita que a função destas primeiras líderes Cristãs incluía a pregação, o ensino da oração e até mesmo ministrar os Sacramentos.

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As Cristãs também se destacaram na Fé pelo seu martírio. Sofreram torturas violentas, mortes horríveis por animais selvagens e gladiadores contratados. Thecla, uma Cristã da época, raspou o cabelo, vestiu roupas masculinas e assumiu as funções de apóstolo missionário. Foi presa, ameaçada de estupro, torturada e morreu perseverando sua Fé em Deus até o trágico fim. Perpétua também foi condenada à morte em Cartago, sob a acusação de ser uma Cristã. Em seu diário ela registra seu testemunho perante o governador romano local e o desafio ao seu velho pai para que ela se retratasse.

Porém, acima de tudo, ela registra que não estava apenas aceitando passivamente o destino, mas definindo o significado da sua própria morte. Perpétua entregou sua vida como um testemunho da Palavra de Deus. Ela abandonou, altivamente, sua função de mãe e dona de casa em favor da definição de uma identidade espiritual e Cristã. Assim, seu diário oferece um olhar intimista sobre a jornada espiritual de uma mulher Cristã da época.

Muitos estavam dispostos a morrer pela Fé e centenas de mulheres Cristãs foram torturadas e executadas. Nos primeiros anos do Cristianismo, o martírio geralmente levava à santidade. Santa Catarina foi torturada até a morte em uma roda. Santa Blandina foi chicoteada, queimada e finalmente morreu enrolada em uma rede ao ser chifrada por um touro. Santa Pelagia de Antioquia, virgem fiel, pulou de um telhado para não sofrer estupro. Os tempos de então eram muito primitivos e violentos.

Em suas peregrinações para divulgar os ensinamentos de Jesus os apóstolos viajavam a pé para terras estranhas, permanecendo longe de casa por vários anos. Suas vidas sempre estavam por um fio, não só pelos rigores da viagem, mas pela perseguição e ameaça constante de martírio pelas próprias pessoas a quem pregavam. Isto também significava que não tinham aonde obter refúgio ou proteção durante esta peregrinação. O alimento diário e um abrigo seguro eram, por vezes, impossíveis de se obter. As mulheres apóstolos desta epopeia ficaram conhecidas como "as irmãs".

Em honra à minha mãe.


 2ª PARTE

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