28 fevereiro 2013

ENSINAMENTOS DO PASSADO - TEACHINGS FROM THE PAST - 5ª PARTE


Pope-Leo-X

Em 1517, o Papa Leão X autorizou o dominicano chamado Johann Tetzel a angariar fundos na Alemanha através da venda das indulgências e doações em dinheiro, para terminar a construção da Basílica de São Pedro, em Roma.

O padre João Tetzel era um orador entusiástico e fazia muitas afirmações fantásticas a respeito do poder das indulgências. Ele jogava com as preocupações dos fiéis pela alma de seus parentes mortos, dizendo: "Tão cedo como a moeda ressoa no cofre, a alma do seu amado pula do purgatório".

Certa vez, um jovem de uma aldeia perguntou a Tetzel se comprar a indulgência lhe asseguraria o perdão por qualquer pecado: "Claro que sim!" respondeu Tetzel. Continuou o jovem: "Mesmo que o pecado seja só uma ideia ainda não cometida? Respondendo ao jovem, Tetzel afirma: "Não importa, pois não há nenhum pecado demasiado grande!" Com isso, o jovem entusiasmado comprou a indulgência.

Depois de Tetzel terminar seu negócio lucrativo naquele povoado, empreendeu sua viagem ao próximo vilarejo. Mas, no meio do caminho, topou-se com uma dupla de ladrões que lhe tiraram tudo o quanto tinha, inclusive o dinheiro que tinha ganho vendendo indulgências.

O ladrão sorridente da dupla era o mesmo jovem que tinha comprado a indulgência naquela tarde, quando já estava contemplando o pecado que iria cometer, o roubo.

Martin-Luther

As afirmações de Tetzel também não passaram sem serem desafiadas. O monge Martinho Lutero, ardendo com indignação, confrontou-se com Tetzel e desmentiu suas afirmações ridículas.

Quando a Igreja nada fez para calar Tetzel, Lutero fincou 95 proposições contra as indulgências na porta da Igreja em Wittenburg, Alemanha. Nelas propôs um debate público sobre o tema das indulgências.

O fogo que começou a arder em Wittenburg talvez tivesse se extinguido ali, exceto por uma invenção nova daquele tempo, a tipografia. Sem que Lutero soubesse, suas 95 proposições foram impressas e distribuídas por quase toda a Europa.

Então estourou um forte choque entre Tetzel e Lutero. Para apoiar sua posição contra Tetzel, Lutero passou ao outro extremo, e ao fazer isso não teve que inventar nenhuma teologia nova. Sendo monge agostiniano, não fez mais do que ressuscitar "a velha ladainha" da teologia esquecida de Agostinho.

Seguindo a teologia de Agostinho, Lutero propôs que a salvação depende exclusivamente da predestinação, que os homens não podem fazer nada bom e nem acreditar em Deus.

Sustentou que Deus concede o dom da fé e das boas obras a quem Ele queira, isto é, aos predestinados, e segundo a Sua vontade desde antes da criação do mundo. Os demais, Ele os elege arbitrariamente para a condenação eterna. Ademais, Lutero afirmou que ninguém poderia ser salvo se não acreditasse na doutrina da predestinação absoluta.

Ensinamento-Cristao

Lutero tomou emprestado algumas doutrinas a mais dos ensinamentos de Agostinho, inclusive a doutrina da guerra santa. Quando o povo pobre da Alemanha se sublevou contra o tratamento desumano da nobreza, Lutero exortou os nobres que suprimissem a rebelião "com força viva", incitando-os com as seguintes palavras:

"Esta não é hora de estar dormindo, agora não há lugar para a paciência nem para a misericórdia. Esta é a hora da espada, não da graça. Qualquer camponês que morra, se perderá de corpo e alma, será do diabo pela eternidade. Mas as autoridades têm a consciência limpa e uma causa justa".

"'Podemos dizer a Deus com plena confiança que fomos nomeados príncipes e senhores, disso não tenho a menor dúvida, e recebemos a espada para castigar aos malfeitores. Portanto, os castigaremos e mataremos até que deixe de bater o coração. Deus será o juiz".

"Por isso digo, quem morrer na batalha como aliado da autoridade poderá ser um mártir verdadeiro aos olhos de Deus. Hora rara esta, quando o príncipe pode ganhar um lugar no céu com o derramamento de sangue, melhor do que poderia outro com a oração! Apunhalai a todos, matem-nos! Se morreres na batalha, bom para ti! Uma morte mais bendita não há".

Christian-teaching

Sem vacilar, os nobres seguiram estas palavras de Lutero, massacrando os camponeses selvagemente, e na breve guerra que se seguiu cometeram atrocidades indizíveis. Os camponeses que não morreram no combate foram torturados horrivelmente e depois executados.

Durante os 1.100 anos entre Agostinho e Lutero, o Cristianismo do Ocidente tinha passado de um lado ao outro, de um extremo ao outro, mas voltou ao mesmo lugar onde Agostinho o tinha deixado. A Reforma não foi uma volta ao espírito dos primeiros Cristãos, nem aos seus ensinamentos. Lutero também se afastou do real Cristianismo dos primeiros Cristãos.

Os Cristãos dos primeiros séculos produziram uma revolução espiritual no mundo porque não temeram desafiar as atitudes, a vida e os valores do mundo antigo. Seu Cristianismo era bem mais do que um credo, um conjunto de doutrinas. Era uma maneira diferente e nova de viver. Mas ainda hoje os Cristãos não se convenceram com as lições da História.

A Igreja atual não converteu o mundo, e sim o mundo converteu a Igreja! E ainda acreditamos poder melhorar o Cristianismo por meio dos métodos humanos. Mas no sentido verdadeiro, o Cristianismo não melhorará até que volte à santidade prática, ao amor não fingido e à abnegação verdadeira dos primeiros Cristãos.



                                         THE END




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